sexta-feira, 25 de novembro de 2011

AMOR E DESENCANTOS


CORAÇÃO DÉMODÉ

Meu coração démodé
não pode agradar a você
que é tão moderna no amor.
Não tente me enganar
para assim não transformar
o meu romantismo em dor.

APENAS NO CORAÇÃO

Já te incomodei demais.
Eu vou te deixar em paz.
Ter-te só no coração.
Não te preocupas comigo
Esquecer-te não consigo
mas sufoco esta paixão.

O ELO

O elo de atração
do meu ao teu coração
é impossível quebrar.
Mas o elo material
que se tornou frágil e banal
não tem como perdurar.

DESENCANTO

Naquele inverno te vi
e de repente senti
aquecer-me o coração.
Mas hoje com o desencanto
não aqueces nem meu pranto
mesmo estando no verão.

MENTIRAS

Já te conheço demais
tuas juras são banais
parece até que deliras.
Dizes coisas sem valor
é mesquinho o teu amor.
Já conheço tuas mentiras.

FIM DO FINGIMENTO

Antes que eu me arrependa
vou tirar da minha agenda
teu número do celular.
Acabou o fingimento
a partir deste momento
nada temos pra falar.

TUDO É POSSIVEL

O nosso amor foi tão forte
que pensei que só a morte
pudesse nele dar fim
mas como tudo é possível
aconteceu o incrível:
eu sem você, você sem mim.

CORAÇÃO RUDE

Um coração que se ilude
não compreende, é rude
bate no peito a sofrer
ama à primeira vista
sem ter sequer uma pista
do caminho a percorrer.

CORAÇÃO CARENTE

Quando um coração carente
se torna inconsequente
é pirigoso demais.
Pois esquece a razão
e se entrega com paixão
a amores tão banais.

PRECISO RESISTIR

Preciso fugir de ti
me esconder do teu olhar
para poder resistir
ao teu modo de enganar
ao teu jeito de sorrir
fingindo querer me amar.
             outubro/2009.

domingo, 18 de setembro de 2011

O ENCONTRO DE JUVENAL COM O LAMPIÃO


Quando fui lá no sertão
Encontrei o Lampião
Fazendo patifaria.
Eu disse: vixe Maria!
Essa cabra e perigoso!
E de modo cauteloso
Eu fui me aproximando
E ele me espiando
Já começou a falar:
É um poeta popular.

Sou, sim. Mas lhe aviso
Não rimo de improviso
Escrevo só inspirado.
Foi saindo de um lado
Um sujeito meio pachola
Segurando uma viola
Dizendo: canta comigo
No verso te dou castigo.
Eu te conheço de faro
És o Juvenal Amaro.

Como é que me conhece
Cabra ruim que aparece
Metido aqui no cangaço
Cuidado se não te amasso
A venta neste terreiro
Te deixo no desespero
Pra deixar de ser atrevido
Sobre a viola caído
Se arrastando pelo chão
Na frente do teu patrão.

Só pode ser de Umirim
Para vir falar assim
Metido a besta e a valente
Mas nunca uma serpente
Matou na mão como eu
Garanto que já correu
Com medo até de calango
Assustou-se com um frango
Mas já chega intimidando
Um bom sujeito do bando.

O Lampião se meteu:
Quem manda aqui sou eu!
Levantou o bacamarte
Atirou pra toda parte
Mas não pegou em ninguém.
Ele disse: então tá bem
Continuem camaradas
A poesia me agrada
Mesmo sem ter violão
Sigam com a discussão.

Se faltava, chegou macho
Eu venho lá do Riacho
Te prepara para a peia
Depois vai para a cadeia
Pagar os crimes que fez
Acabar de uma vez
Com a tua valentia
Na luta e na poesia
Tu apenas fazes rima
De versos nem se aproxima.

O cabra meio sem jeito
Disse: eu sou de respeito  
Onde passo deixo o rastro
No sertão eu sou um astro
Todo mundo fica olhando
Sempre se admirando
Do que eu faço por aí
Não ando assim a sorrir
Como um poeta ruim
Lá das bandas de Umirim.

Se alguém olha é com cuidado
Para não ser enganado
E perder tudo que tem
Por que um homem de bem
Pela ação é conhecido
Diferente de um bandido
Que não passa de assassino
Um cabra de Virgulino
Que fora da sua cambada
Não tem coragem pra nada.

O Lampião novamente
Levantou-se de repente
Com sua arma na mão:
Você quer ser valentão
Desafiando o cangaço
Mas saiba que o que faço
Começou com uma injustiça
Me revoltei, fiz carniça
Por terem meu pai matado
Por isso hoje sou errado.

Depois disse: Seriema
Venha escolher um tema.
E a mulher se aproximou:
Disse: é bom falar de amor
Que é muito mais suave.
Que nenhum ao outro agrave.
Então falem do ser sertão
Do inverno e do verão
Da fartura do roçado
E das fazendas de gado.

Quando a mulher se calou
O cabra se apressou
Disse: agora quero ver
O que o poeta vai dizer
Sobre o amor e a paixão
Por que não é do sertão
E sentimento na cidade
Não é assim de verdade
Como o que aqui se sente:
Forte, bonito e ardente.

Engana-se totalmente
O amor não é diferente
Aqui ou em qualquer lugar
Para o sujeito amar
Não existe ocasião
Quando invade o coração
Se instala e permanece
Você tenta e não esquece
Você geme e você grita
Você morre e não evita.

O amor tem tanto poder
Que eu não sei o que dizer.
Se o capitão permitir
Do assunto quero sair
Percebo que neste tema
O poeta faz poema
Que o povo se encanta
E também minha garganta
Está um pouco dorida
Eu dou essa por perdida.

Lampeão quis se zangar
E começou a falar:
Meu cabra só tem arranco
Apanha até de tamanco
Quanto mais na poesia.
Mas chega aqui ô Maria
Chama o Mané machado
Para tocar um xaxado
Continuar a animação
Pro povo deste sertão.

Um barulho de repente
Agitou-se toda gente
Que foi logo se armando
Eram os soldados chegando
Teve início o tiroteio.
Disse: vou sair do meio
Essa briga não é minha
Vou voltar para a terrinha
Minha Riacho da Sela
Hoje cidade tão bela.

Já havia me retirado
Uma bala passou por mim
Voltei e disse: cuidado
Então pode levar fim
Não vacila novamente
Atirador inconseqüente
Leviano e ruim.

Juvenal Amaro
Umrim-CE, dezembro de 2010


sábado, 20 de agosto de 2011

BANDEIRA DO MUNICÍPIO DE UMIRIM

Idealizada por este filho dedicado (Juvenal Amaro da Silva) em 1986. Cores: verde, simboliza a vegetação do município; azul: o céu, visto do município; branca: a paz, a pacatez do povo umirinense. Brasão: o ramo (todo verde), simboliza a agricultura do município de modo geral; a caieira (forno em que se calcina a pedra calcária e se faz a cal), simboliza a fabricação da cal no município; as pedras, simbolizam a existência do calcário no subsolo do município.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

NOSSA SENHORA DA NATIVIDADE

Nossa Senhora da Natividade
Ó padroeira da querida terra
Protejas sempre a nossa cidade
Por todo bem que nela se encerra.

Quem te invoca na realidade
Conhece e sabe que assim não erra
Pois busca a paz com felicidade
E evita o mal e foge da guerra.

Ó Padroeira, ó mãe protetora
Que em tantas causas és intercessora
Em tuas mãos tenhas Umirim.

O conduzindo rumo ao progresso
Num bom caminho sem ter retrocesso
Com tuas bênçãos ser feliz, enfim.

                                                                       Juvenal Amaro

segunda-feira, 18 de julho de 2011

UMIRIM, MEU POBREZINHO

Ó meu Umirim querido
você se encontra falido?
Não me diga que é verdade
é tão pouca a tua idade
como ente emancipado.
Qual foi o teu pecado
para sofrer tanto assim?
passaste tempo ruim
e depois de independente
pensou-se ser diferente
que desofuscado o brilho
cuidado pelos teus filhos
seguisses de vento em popa.
mas é uma coisa louca!
tu continuas carente.
Coitada da tua gente
que foi surgindo um dia
como diz a poesia
"às margens de um rio pequeno".
Mas o que sobra é "veneno"
do banquete de quem manda.
Teu povo dança ciranda
a procura de milhoras
e o que é seu vai embora.
Segue por outros caminhos.
Umirim, meu pobrezinho!
Já foi Riacho da Sela
que mais conforto revela,
hoje nem mais sela cabe,
uma cangalha, que sabe!
seria mais adequado.
Mas não ficas magoado
Umirim, nosso torrão,
estás em meu coração
e de muita, muita gente
que te ama realmente.

                 Umirim, julho de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

MORTE DE JESUS

                                      Juvenal Amaro

Proferida a sentença
dando a condenação
 ao calvário, Jesus Cristo
levaram com humilhação
e chegando em Hebreu, Gólgota
houve a crucificação.

As roupas que lhe tiraram
vestiram-lhe novamente
e puseram-lhe aos ombros
uma cruz e cruelmente
ordenaram-lhe então
que fosse andando na frente.

O Salvador oprimido
com o peso do madeiro
caia muito por terra
no meio dos desordeiros
que logo o chicoteavam
para levantar ligeiro.

Mas no caminho, um homem
eles puderam encontrar
que se chamava Simão
e forçaram-no a ajudar
Jesus Cristo, aquela cruz
tão enorme, carregar.

Com Jesus de Nazaré
dois ladrões iam levando
também ao grande suplício
lado a lado caminhando
e um tropel de povo
ia, à parte, acompanhando.

Lá no alto do Calvário
foram a Cristo oferecer
vinho com fel misturado
para que do padecer
melhor suportasse as dores
mas Ele não quis beber.

Tiraram-lhe as vestimentas
e pregaram-no na cruz
entre dois ladrões que como
Cristo estavam quase nus
e puseram J. N. R.J.
na cruz, acima de Jesus.

Suspenso na cruz estava
o divino salvador
e não tinham compaixão
 aquele povo sem amor:
enquanto o sangue escorria
mas zombava da sua dor.

Até mesmo um dois ladrões
que ao seu lado estava
crucificado também
O tempo todo blasfemava
mas o outro o repreendendo
desta maneira falava:

Não temes então a Deus
mesmo estando pra morrer?
Nós por certo padecemos
por nosso mal proceder
mas este que mal fez ele
para tanto assim sofrer?

Com a mãe do Salvador
João ao pé da cruz ficou.
Vendo a mãe e o discípulo
que amava, Jesus falou:
"Mulher eis aí teu filho"
e "eis aí tua mãe". E calou.

O sol a escurecer
ao meio dia começou,
a terra até as três horas
em trevas toda ficou
quando com tamanha voz
Jesus Cristo assim falou:

"Por que me desprezastes,
Deus meu?" E depois dizendo:
"Tenho sede". E um soldado
uma esponja embebendo
em um vaso de vinagre
logo foi oferecendo.

Jesus naquele momento
tendo o vinagre provado
disse então logo depois:
"Tudo está consumado."
Mas de novo de seus lábios
em alta voz foi falado:

"Pai, encomendo em vossas
mãos o espírito meu."
E com os olhos para os céus
da maneira que ergueu
dizendo estas palavras
inclinou a cabeça e morreu.

            Juvenal Amaro
                   1981

quinta-feira, 21 de abril de 2011

BALNEÁRIO CAXITORÉ


Juvenal Amaro

Calmo contemplando as águas
deste magnífico açude
aí então foi que pude
perceber quanta grandeza
recurso que a Natureza
para a vida nos concede
A gente se senta e pede
uma tilápia com baião
e sentindo a sensação
de paz, ao frescor das águas
 esquece tristeza e mágoas
rejuvenesce o espírito
num panorama bonito
rústico e aconchegante
que parece delirante
pra quem vive na cidade
Mas essa simplicidade
é algo muito real
que inspira o Juvenal
agora neste momento
e eu somente lamento
é pelo passar das horas
eu ter que ir já embora
de volta na mesma trilha
junto com as minhas filhas
Juveneide e Juaneide
mas sei que ainda hei de
voltar outra vez aqui
também com o Valdemir
que agora nos acompanha
com satisfação tamanha
tirando fotografia
enquanto da água fria
vêm respingos pelo vento
fazendo um encantamento
que só quem o presencia
pode sentir a magia
que há ali com certeza
E eu sentado à mesa
tosca de uma barraca
segurando gafo e faca
numa alimentação
Surge a inspiração
e olhando o universo
então faço estes versos
do mais profundo da alma
neste momento de calma
que a matéria desanda
e o espírito comanda
toda uma narração
que parte do coração
sensível deste poeta
que a vida interpreta
de maneira diferente
Olhando a água corrente
que cai ao chão como neve
enquanto a mente escreve
com a imaginação
e grava no coração
de onde jamais se apaga
porque o peito afaga
beleza deste cenário
até mais balneário
até mais Caxitoré

Juvenal Amaro
Em Julho de 2010 

sábado, 9 de abril de 2011

PRESENÇA AMÁVEL

Sonhei que o mundo havia
entrado em depressão
que nenhum jardim floria
e a chuva que caia
não fertilizava o chão.
Sobreviver era impossível
naquele mundo qualquer,
esquesito e horrível
porque faltava a incrível
presença amável da mulher.
            
              Juvenal Amaro

MILAGRE

Jamais consegui fugir
Da paixão que me devora
Porque o meu coração
Lembra-me a toda hora
Que dela não abre mão
E eu sem outra opção
Vou vivendo a esperar
Que um dia aconteça
Um milagre, e ela esqueça
De não querer me amar.
           Juvenal Amaro