Juvenal Amaro
Velho açude Caio Prado
Do meu Riacho da Sela
Construído com o intento
De minimizar mazelas
Pela seca dos três oito
Que num povo bom e afoito
Deixou terríveis sequelas.
Mil oitocentos e oitenta
E oito, aconteceu
Uma das maiores secas
Que o nordeste viveu
De planta, animal e gente
Com a falta d'água e doente
Bem pouco sobreviveu.
O Imperador do Brasil
Que era Dom Pedro II
Deu ordem para conter
O sofrimento profundo
Para mudar o destino
Do morador nordestino
Faminto e moribundo.
O presidente da Província
Do Ceará, Caio Prado,
Procurou tomar medidas
Pra que fosse amenizado
O enorme sofrimento
E o assustador aumento
Do Pessoal flagelado.
O serviço de açudagem
Foi uma das providências
Tomadas por Caio Prado
A frente da presidência
Do Ceará naquele ano
Fazendo parte dos planos
Dos trabalhos de emergência.
Riqueza do vilarejo
Com grande satisfação
Tinha a água, tinha o peixe,
O banho e a diversão.
Paisagem que encantava
E alguém sempre parava
Para uma contemplação.
Suas margens eram livres
Sem haver habitação
Menor probabilidade
De uma contaminação
Do líquido tão importante
De uso bom e constante
De toda a população.
A pesca para o consumo
Quase sempre acontecia
Por alguns dos moradores
Afeitos a pescaria
Outras vezes por lazer
Ou mesmo pelo prazer
De uma boa companhia...
Serviu de abastecimento
De água para o vilarejo
Sua sangria no inverno
Era um imenso desejo
Que ao se realizar
Muita gente ia olhar
Um motivo de festejo!
No povoado pequeno
O barulho se ouvia
Da água no sangradouro
Que em cascata caia
E o povo assim encantado
Contemplava admirado
Aquela bela sangra.
Por cima do sangradouro
A lâmina d'água caia
Formando bela cascata
Que lá em baixo corria
De modo tão transparente
Que no líquido corrente
Os peixes a gente via.
Já foi grande diversão
Um lugar muito bonito
Pessoas o frequentavam
Como se fosse infinito...
Sua água cristalina
Era como uma piscina
Para o povo do distrito.
Um balneário mesmo!
Foi para a população
Que tinha orgulho de tê-lo
Como excelente atração
Banho para os habitantes
Também para os visitantes
Era a melhor opção.
Da parede do açude
Que é também a rodovia
Havia que se arriscasse
A fazer acrobacia
Em saltos sensacionais
Habilidoso e fugaz
Na água limpa caia.
Nos feriados maiores
Como o da Semana Santa
Era lazer para muitos
Que a natureza encanta
O açude era lotado
Todo Mundo animado
Felicidade era tanta!
Muita pessoas viveram
Ali grandes emoções
Que ficaram inesquecíveis
Pra sempre em seus corações
No espaço da saudade
Onde a felicidade
Vive das recordações.
Quantas histórias existem
Envoltas em sua história
Do passado e do presente
Que ficaram na memória
Vindo desde o princípio
Até hoje município
Com sofrimentos e glórias.
Caio Prado! Caio Prado!
É do Riacho da Sela!
Já socorreu o sedento
Já refrescou a donzela
Refletiu o firmamento
Ondulou-se com o vento
E lavou prato e panela.
Com o crescimento da vila
Mesmo paulatinamente
Muita coisa foi mudando
Hoje é tão diferente
Mas o velho Caio Prado
Continua sendo amado
Ainda por muita gente.
Durante todos esses anos
Muitas seca tem passado
E na maioria delas
Tem totalmente secado
Mas apesar da tristeza
A fé traz sempre a certeza
De vê-lo recuperado.
Já não existe como antes
Um tão grande sentimento
Vivenciado por muitos
Em outros vários momentos
Naturais da nossa história.
Alguns trazem na memória
Lembranças, contentamentos...
Umirim-CE, maio de 2019
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