Juvenal
Amaro
Pelo sobrenatural
Através de regressão
Conversei com um pajé
Que viveu na região
O qual falou para mim
Sobre o nome Umirim
E de sua acepção.
Por isso agora escrevo
Tentando sintetizar
De onde vem a origem
Do nome deste lugar
Nosso Umirim querido
Onde muitos têm nascido
Ou adotam pra morar.
Este nome “Umirim”
Desta “cidade tão bela”
É um nome que precede
Ao de Riacho da Sela
Apenas foi resgatado
E sabiamente colocado
Naquela vila singela.
Porque ”Riacho da Sela”
É o nome proveniente
Do que se deu com o padre
Durante um acidente
No riacho onde passou
E quase se afogou
Num período de enchentes.
Porém o nome Umirim
É de uma época mais distante
E vem da fusão dos nomes
De dois guerreiros brilhantes
Que habitavam a região
E repletos de paixão
Um dia, foram amantes.
A índia Umí habitava
No tempo de Pindorama
Entre o local chamado
Serra de Uruburetama
E o rio Mundaú
E na pátria de Urubu
Vivia feliz, sem drama.
Entre a serra e o rio
A tribo se situava
Mas como guerreira hábil
Esse espaço extrapolava
Saindo para caçar
Conhecer e contemplar
A natureza que amava.
Seguia pelas veredas
Correndo por entre as flores
Tinha suas artimanhas
Como as tem os caçadores
Meiga e contemplativa
Sensível e muito ativa
Adorava os beija-flores.
De todos em sua tribo
Tinha a admiração
Por sua desenvoltura
De guerreira de ação
O pajé sua bênção dava
E o cacique apoiava
Sua determinação.
Às vezes quando saía
Pela selva a caçar
No referido riacho
Parava pra se banhar
Depois sentava à margem
E toda aquela paisagem
Gostava de observar.
Em outra tribo distante
Da tribo da índia Umí
Havia um jovem guerreiro
Que caçava javali
E em noite enluarada
Com a alma apaixonada
Contemplava a Jaci.
Esse índio era Irĩ
Pelo seu povo querido
Conhecedor da floresta
Muito ágil e destemido
Tinha as habilidades
Úteis a comunidade
Com valor reconhecido.
Um dia quando caçava
Logo ao amanhecer
Bem próximo desse riacho
Começou a perceber
Um aroma diferente
Para o lado do nascente
Mas não era o mossamber.
Quase que como encantado
Foi seguindo aquele olor
Quanto mais se aproximava
Mais era encantador
Seguia sem descobrir
Que o que estava a sentir
Era o cheiro do amor.
E tentando desvendar
O algo desconhecido
Caminhava com cautela
Cada vez mais prevenido
Mas tinha a sensação
Que vinha do coração
Pois estava enternecido.
Enquanto isso, no riacho
Umí sentava após o banho
E vendo um beija-flor
Imaginava o tamanho
Do coração daquele ser
E começou a perceber
Que ali havia algo estranho.
Olhando para a água
A mão no rosto deslizava
Sensível sentiu no corpo
Uma brisa que passava
Em meio suave clima
Que algo se aproxima
A intuição lhe avisava.
Calmamente pega o arco
Coloca a flecha e espera
No seu pensamento chega
A lembrança de uma pantera
Mas por sua experiência
Ouvindo com paciência
Sabe que não é uma fera.
Se prepara para o encontro
Aguardando com coragem
Quando surge um guerreiro
Leve por entre a folhagem
Ambos param de repente
E calados frente à frente
Penam ser uma “miragem”.
Os olhares se cruzaram
Como os de dois animais
Mas foram soltando as armas
Os dois com gestos iguais
Muito demoradamente
Assim tão profundamente
Se olhavam cada vez mais.
Como se se conhecessem
Se sentiram à vontade
Sentaram-se sobre a areia
Teve início uma amizade
Que breve foi aumentando
E acabou se transformando
Em um amor de verdade.
Esse romance durou
Por todas as suas vidas
Com grande felicidade
Sem haver mais despedidas
Juntos nas atividades
Por toda a comunidade
A dupla foi conhecida.
E durante muitos anos
De um grande amor sem fim
A tribo se referida
Ao par Umí e Irĩ
E assim pronunciado
O som foi unificado
Ouvindo-se: Umirĩ.
Já
que o nome é indígena
Uma
coisa é evidente:
Vem
de bem antes do outro
Em
tempos bem diferentes
Na
floresta e no riacho
Através
de fêmea e macho
Livres
num amor ardente.
Umirim, maio de 2017
Parabéns grande poeta!
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