domingo, 4 de junho de 2017

QUILOMBO DE PALMARES



                                                 
                           Juvenal Amaro


No Brasil colonial
Foi frequente a formação
De grupos de africanos
Vindos da escravidão
Que fugiam com frequência
Oferecendo resistência
Ao sistema de opressão.

Palmares é o Quilombo
Da História brasileira
Que enfrentou o sistema
Com atitude guerreira
E este nome recebeu
Porque se desenvolveu
Numa região de Palmeiras.

Estava localizado
Onde é atualmente
O Estado de Alagoas
Na época, bem diferente
A região pertencia
A grande Capitania
De Pernambuco, somente.

Os quilombolas criavam
Gado e cultivavam milho,
Feijão e cana-de-açúcar.
Educavam os seus filhos
No trabalho e para lutar
E no combate enfrentar
O seu opressor com brilho.
  
Ganga Zumba, o primeiro                                                        
      Líder a se destacar
Pôde por 22 anos
O quilombo governar
De tanto ser atacado
Sentiu-se pressionado
Começou a fraquejar:

Pois com o governador
De Pernambuco foi firmado
Um acordo que previa
Que fossem então libertados
Os escravos ali nascidos
E que fossem devolvidos
Escravos recém-chegados.

Zumbi, sobrinho de Ganga
Com isso não concordou
E um grupo que se opôs
Prontamente liderou
Zumba foi destituído
E Zumbi tendo assumido
A luta continuou.

Por sessenta e cinco anos
O quilombo resistiu
Aos ataques violentos
Mas um dia sucumbiu
Sob a força do poder
Que sem se compadecer
Cruelmente o destruiu.

Para destruir Palmares
Tudo foi organizado
Contrataram bandeirantes
Todos foram preparados
Para o povo exterminar
Botar fogo no lugar
Mas saíram derrotados.

Os quilombolas lutaram                                                           
Em defesa de uma vida
Digna em sua aldeia
Que sempre foi perseguida
Por um poder que era forte
Mas lutaram até a morte
Numa batalha sofrida.

Para o último combate
O governo enviou
Cerca de seis mil soldados
Bem armados, com furor
Juntos com os bandeirantes
Promoveram como antes
Um ataque arrasador.

Os quilombolas não tinham
Nem armas, nem munição
Suficientes pra poder
Evitar a destruição
Resistiram seis semanas
Mas as forças desumanas
Mataram a população.

Zumbi escapou ao cerco
Para não ser massacrado
Mas após perseguições
Foi preso e assassinado
Sua cabeça foi posta
Fora do corpo e exposta
Em local movimentado.

A memória de Zumbi
Tem a sua permanência
Na história muito viva
Símbolo da resistência
Contra a escravidão
E em prol da condição
Do negro à sobrevivência.

O dia da sua morte                                                                   
Esse dia é chamado
Da Consciência Negra
Atualmente lembrado
Reconhecimento feito
A quem não teve direito
Àquilo que é mais sagrado...

Durante anos e anos
Continuaram fugindo
Da cruel escravidão
E sempre se reunindo
Formando comunidades
E em busca da liberdade
Sua história construindo.

Jamais tem-se conseguido
Um dia ver realmente
Valorizada a história
E a cultura dessa gente.
Não se pode nem dizer
Ainda que é pra valer
Livre o afrodescendente.
       

Novembro de 2014
Umirim-CE






Nenhum comentário:

Postar um comentário