quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
SEM CURA
Inflamações de loucura
trouxeram a este romence
uma espécie de câncer
para o qual não existe cura.
Não há amor nem ternura
bastante para curá-lo
o melhor é condená-lo
para sempre a sepultura.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
VERSOS, AMOR, PAIXÃO, SAUDADE.
INEVITÁVEL
Se é um erro te amar,
a cada dia o meu errar
é maior e mais constante,
inevitável e profundo
e dentre todos os errantes
sou eu o maior do mundo.
MINHA ESTRELA
Meu coração vive atento
aguardando o momento
de minha estrela surgir
no meio da escuridão
que ofusca esta paixão
que sempre senti por ti.
OCEANO DE PAIXÃO
Se o barco do meu coração
neste oceano de paixão
vier a naufragar um dia
antes que este mar me mate
salve-me com seu iate
de amor e poesia.
CAPACIDADE DE AMAR
Foi se propagando aos poucos
esta história de eu ser louco
por tão grande amor sentir
como não se sente mais
e eu ainda ser capaz
de ser louco assim por ti.
LUZ DO TEU OLHAR
Quando o luar do teu amor
iluminar com esplendor
a rua do meu coração
serei feliz a sorrir
porque sei que vai sumir
a escura solidão.
SONHO FELIZ
Não sei porque, mas suponho
que este amor é um sonho.
Posso acordar de repente.
Mas se estou certo, gostaria
que não chegasse esse dia
e eu dormisse eternamente.
ÚNICA COMPANHIA
Aqui solitário e a toa
me sinto numa canoa
pescando onde não há peixe
e para não ficar sozinho
até peço com carinho
que a saudade não me deixe.
MEU SONHO
Neste caminho, tristonho
vou alimentando o sonho
de um dia minha luz brilhar
para mostrar que eu existo
e eu assim possa ser visto
pela luz do teu olhar.
PERDI VOCÊ
No menu meu coração
sem qualquer hesitação
teu nome selecionei
e quando a janela abriu
você tão linda surgiu
mas sem querer deletei.
E A VIDA CONTINUA
Observando as pessoas
que caminham numa boa
mesmo a ssim, meio sem jeito,
Eu as comparo ao coração
que mesmo com a solidão
bate, bate no meu peito.
ALGO INTENSO
Ao chamar de amor o que sinto
não sei se é verdade, ou minto.
Quem sabe é meu coração.
Eu só sei que é algo intenso
que tem um poder imenso
e é mais forte que a razão.
CHAMA ARDENTE
No meu peito arde uma chama
um sintoma de quem ama
com muita intensidade
cujo diagnóstico diz
que posso viver feliz
se não morrer de saudade.
INSENSÍVEL CORAÇÃO
Eu vou te fazer uns versos
e mostrar verso e reverso
de toda minha paixão
e se ficares insensível
então verei que é impossível
conquistar teu coração.
O VAZIO DA PAIXÃO
O meu coração apanha
da saudade que acompanha
constantemente meu ser
deixando um vazio imenso
que às vezes até penso
que não vou sobreviver.
AMOR OU LOUCURA
Para amar é preciso
de coração, não de juízo.
Mas para ser sincero
Não entendo nenhum pouco
se sou louco porque te quero
ou se te quero porque sou louco.
SOLIDÃO
Na vida existem momentos
cheios de contentamentos
que nos deixam sorridentes
pela vida satisfeitos
mas não carregam do peito
a solidão que se sente.
Juvenal Amaro
Umirim-CE, 2000
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
CANÇÃO DE UMIRIM
Umirim! Umirim! }
és berço forte de aconchego sem fim! }Refrão
Umirim! Umirim! }
és berço forte de aconchego sem fim! }
Tu tens o céu deslumbrante,
campos verdejantes
e um povo gentil.
Teu solo nos é valioso.
Tu és precioso
pedacinho do Brasil.
Refrão
O trabalho é o teu escudo,
o amor é tudo...
Deus é o teu guia.
Teu povo em alegria imerso
revela o progresso
que partiu da alforria.
Refrão.
HINO DA EEM MARIA IRACEMA UCHOA SALES - MIUS
Escola Maria Iracema }
Uchoa Sales, querida }Refrão
tua missão é suprema }
de ensinar para a vida. }
Quero aprender com alegria
respeito, amizade e emoção
amor, paz e cidadania
és do meu lar a extensão.
Refrão
Exaltas a Natureza
de modo a conscientizar
que é uma ação de nobreza
o meio ambiente preservar.
Refrão
A tecnologia e as ciências
que são partes do teu progresso
com a fé e a experiência
te conduzem sempre ao sucesso.
Refrão
terça-feira, 24 de agosto de 2010
A PERNA CABELUDA
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
ESTAÇÃO DE RIACHO DA SELA
ORIGEM E MISTÉRIO DO NOME RIACHO DA SELA
O nome deste lugar
hoje de Umirim chamado
já foi Riacho da Sela
e assim foi denominado
devido a uma ocorrência
que teve como consequência
uns areios engarranchados.
Antes desta rodovia
que existe atualmente
era uma estrada estreita
feita de barro somente
sem ter ponte sobre os rios
e só na época d estio
se trafegava facilmente.
Todo transporte era feito
no lombo de animal
de qualquer mercadoria
e também de pessoal
em qualquer ocasião
quer fosse para o sertão
para a serra ou litoral.
No local que é Umirim
casa ainda não havia
apenas era a passagem
para outras freguesias
mas tudo que é natural
como rio e matagal
é claro que existia.
Então por aqui passavam
sempre alguns viajantes:
religioso, fazendeiro,
militar, comerciante,
cidadão e desordeiro,
gente simples e importante.
Num período de inverso
saiu lá da capital
da nossa província, um padre
para as bandas de Sobral.
Se aproximendo daqui
veio uma chuva a cair.
Era um grande temporal.
O padre viu que não havia
onde pudesse se arranchar
e montado em seu burro
ia ter que se molhar
seguiu, encontrou o riacho
e pensando que estava baixo
começou ana água entrar.
Atravessava com cuidado
passando devagarinho
sem saber que no riacho
na passagem do caminho
um grande penedo havia
e que ele poderia
cair com o seu burrinho.
Quando viu que estava fundo
e era forte a correnteza
o padre não quis voltar
continuou a "proeza"
porque já anoitecia
e por ali não havia
onde dormir, com certeza.
Quando a água já passava
no burro acima do meio
ele escorregou na pedra
e o padre com receio
de pela água se levado
ficom a sela agarrado
mas se quebraram os areios.
Então naquele momento
o padre soltou a sela
quando percebu que o burro
não estava mais com ela
e procurou se salvar
nadando para chagar
numa barreira singela.
O padre sobriviveu
o burro também saiu
e não encontrando a sela
só com o burro seguiu
de novo sua viagem
com fé e muita coragem
até que um abrigo viu.
Quando o inverno passou
e as águas foram baixando
e as pessoas continuaram
pela estrada trafegando
e às vezes paravam embaixo
das árvores lá do riacho
pra ficarem descansando.
Então um dia notaram
que ali no riacho, à beira
numa ruma de garranchos
junto à uma ingazeira
havia uma sela desgastada
que parecia colocada
pr alguém, com brincadeira.
Verificando perceberam
poder ter sido de um acidente
ocorrido com alguém
no período de enchente
e resolveram deixar
a sela no mesmo lugar
pra ser vista por mais gente.
Depois que o rio secou
ficou vísivel a paisagem
com a sela sobre os garranchos
ali naquela passagem
e as pessoas que a viam
comentando então saiam
durante sua viagem.
Assim com o passar dos tempos
foi ficando conhecido
e bem próximo do riacho
já haviam construído
alguns barracos atrasados
começando o povoado
dalí ser desenvolvido.
Qualquer viagem que faziam
passando por essa estrada
ao saírem combinavam
onde seria a parada:
"Lá no riacho da sela
a gente apronta a panela
e dá uma repousada."
Há muitos anos depois
já chegando no final
do século dezenove
por um ato provincial
o lugar à vila foi subido
e seu nome garantido
também de modo legal.
As águas deixaram o padre
sair sem se afogar
também não quiseram o burro
que conseguiu escapar
ficaram apenas com a sela
porque precisavam dela
para dar nome ao lugar.
Tmabém providenciaram
um lugar para apoiar
aquela sela onde desse
para o povo enxergar
e a idéia tivesse
e esse nome dissesse
para depois se propagar.
Nisto tudo há um mistério
que não se conhece bem:
o rio tem forma de sela
e a estrada também tem
Sobre as águas se navega
na estrada se trafega
e sobre a sela também.
Até há algumas décadas
onde existe o rochedo
já coberto pela a areia
os antigos tinham medo
de pisar nesse local
porque se sentiam mal
como se hovesse um segredo.
Juntei aqui o que pude
Unir através de prosa
Verificada e contada
Entre as pessoas idosas
Nascidas na região
As quais tiveram informação
Legítima e curiosa.
Juvenal Amaro
Umirim-CE, Maio de 1998
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
TIMIDEZ DO MEU CORAÇÃO
Teu nome
Vivo a escrever teu nome
em todo papel que pego
é verdade eu não nego,
a tua ausência me consome
você dos meus olhos some
mas fica em meu coração
e em qualquer ocasião
durante as vinte e quatro horas
este ser que te adora
não te esquece, paixão!
Milagre
jamais consegui fugir
da paixão que me devora
porque o meu coração
lembra-me a toda hora
que dela não abre mão
e eu sem outra opção
vou vivendo a esperar
que um dia aconteça
um milagre e ela esqueça
de não querer me amar.
Eternamente louco
Quem nunca amou sempre diz
que paixão é uma loucura
que transforma em amargura
uma vida antes feliz
porém eu que sempre quis
viver este amor ardente
sou a isso indiferente.
No entanto, se for verdade,
com toda sinceridade
serei louco eternamente.
Olhos de paixão
Você disfarça, mas eu vejo,
nos seus olhos o desejo
de viver esta paixão.
Só não consigo entender
porque insiste em não fazer
o que diz seu coração.
Só sei sentir
O meu corpo te deseja
a minha alma te beija
em meu coração te chamo
o meu olhar feliz te segue
mas minha voz não consegue
dizer o quanto te amo.
Loucura em pessoa
Se "amar é coisa de louco"
apesar deste sufoco
vivo amando numa boa
e se a frase é verdadeira
amando desta maneira
sou a loucura em pessoa.
Difícil fuga
Só quem já se apaixonou
pode saber o que tenho:
porque sempre vou e venho
buscando o que não ficou
feito alguém que endoidou
sem motivo pra sorrir
sem saber aonde ir
numa procura sem fim
de um amor que para mim
é tão difícil fugir.
O amor e o tempo
Você me pede um tempo
o que eu posso fazer
se todo este amor que o tempo
todo, senti por você
não foi o suficiente
pra poder te convencer.
Timidez do meu coração
Fico feliz quando passas
mas a timidez disfarça
a alegria de ter ver.
`e uma contradição
que faz o meu coração
a cada dia mais sofrer.
Nas garras do teu encanto
O teu jeito me atrai
imensamente me domina
sou como um pássaro que cai
num alçapão que fascine
mas quero preso ficar
nas garras do teu encanto
viver, amar e sonhar
e ser feliz, tanto! tanto!
Quando te vejo
Meu coração fica louco
toda vez que eu te vejo
pois aumenta o desejo
de te olhar mais um pouco
e assim neste sufoco
penso em te acompanhar
alguma coisa falar
revelar minha paixão.
Como sofre um coração
sem poder se declarar.
Olhar atento
Se o meu comportamento
com este olhar atento
não consegue expressar
o que sinto por você
o que farei eu para ter
coragem de te falar?
Meu olhar
Meu olhar cruzou com o teu
mas você não entendeu
o sentimento que existe
no coração deste ser
que continua a viver
inquieto e quase triste.
Quando age o coração
Quando age o coração
a gente não se domina
só segue o que ele ensina
e prevalece a emoção.
Rapidamente a razão
cede espaço para o amor
e de simples sonhador
que almeja a felicidade
você passa, na verdade,
a ter um mundo encantador.
Celular
Já nem mesmo sei contar
quantas vezes eu, por dia,
nesta minha agonia
pego este celular
para o teu número chamar
e falar da minha paixão
dizer que o meu coração
vive por você inquieto
mas com receio não completo
nunca uma ligação.
Amor sem jeito
Meu coração você manda!
mas agora você anda
me fazendo um sofredor.
Esquece este amor sem jeito
pois você não tem o direito
de me matar de amor.
Desligado
Sou um tanto desligado
deste mundo de razão
meio por fora de tudo
que não tenha emoção.
mas é preciso que eu te diga
que a tomada que me liga
está no teu coração.
Juvenal Amaro
Umirim-CE - 2001
domingo, 15 de agosto de 2010
ÔXENTE MY LOVE

Resolvi deixar a roça
que é minha felicidade
e seguir para cidade
em busca de aventura
curiosidade ou loucura
foi isto mesmo que fiz
eu fui meter o nariz
em diferente cultura.
Vendi o milho que tinha
e uma parte do feijão
no cercado do irmão
foi que deixei meu jumento
pra ter cuidado e alimento
ficou tudo acertado
arrendei o meu roçado
cheio de contentamento.
Minha mala arrumei
pensando: vou me dar bem
pois na cidade é que tem
tudo que a gente quer
trabalho, farra e mulher
mas do que se tem aqui
eu vou é mesmo partir
seja o que Deus quiser.
Esses conselhos agorentos
que vem me dar essa gente
eu não aceito, ôxente!
Vou dar rumo a minha vida
até mais gente querida
fique na felicidade
quando eu sentir saudade
faço a viagem invertida.
Daí peguei o transporte
que viagem enfadonha!
foi uma coisa medonha
que eu não estava acostumado
eu só andava montado
em lombo de animal
mas também não foi tão mal
depois fiquei sossegado.
Conheci uma garota
tipo que logo se envolve
só me chamava my love
e eu mesmo sem saber
o que queria isso dizer
ficava todo animado
pois seu jeito delicado
me dava muito prazer.
Ela me levou ao shopping
eu achei uma maravilha
dizendo: ôxente, minha filha
e ela : pois é my love
sua alegria me comove
e seu modo me fascina
quero ser tua menina
mas você é que resolve.
Com muita dificuldade
eu consegui um emprego
porém não tinha sossego
pra poder ir trabalhar
não se conseguia entrar
num ônibus sem confusão
era superlatoção
para ir a pra voltar.
Pude conhecer o mar
que fantástica Natureza!
imensidão de beleza
que grande poder revela
conheci barco a vela
também grande embarcação
feliz foi meu coração
vendo tanta coisa bela.
Com o cinema também
me familiarizei
muitas vezes passeei
por lugares mais diversos
cantarolei, fiz meu versos
mas veio a decepção:
vi assalto e arrastão
e pensei no meu regresso.
"Forró" que não é forró
que ouvia a todo momento
com letras sem sentimento
de um nobre coração
só desmoralização
ou simplesmente bobagem
não existindo mensagem
de amor, paz e união.
- Vou voltar pro meu sertão
quero ir embora, sinto.
Ela sgurou meu cinto
que era de couro cru
disse-me: - I love you
e eu quase entendendo
fui depressa assim dizendo:
eu também gosto de tu.
- Então eu sigo contigo
desse modo ela falou
Repetindo disse: - eu vou!
e eu repondendo: - ôxente!
o sertão é diferente
você vai se arrepender.
Insistiu: - vou com você
portanto, não argumente.
deixe, por favor, my love
eu preciso ir também
quero viajar de trem
conhecer o teu roçado
te fotografar montado
no teu jumentinho forte
que te serve de transporte
e é por ti estimado.
- Se você prefere assim
eu não faço objeção
saiba que meu coração
também deseja te levar
para a gente se amar
num lugar bem mais amável
mas simples e mais saudável.
Pode as coisas arrumar.
Ao chegarmos à minha casa
foi grande o encantamento
senti naquele momento
uma paz exuberante
e ali no mesmo instante
comecei minha oração
por ter voltado ao sertão
e encontrá-lo como antes.
Depois peque um toucinho
que estava sendo assado
na cuia pus um bocado
de uma farinha gostosa
que coisa deliciosa!
que há tempo não degustava
e a companheira falava:
como e maravilhosa.
Fomos até o roçado
montados no jumentinho
o canto dos passarinhos
serviu de recepção
pr'este cabra do sertão
junto com sua mulher
que com trabalho e fé
tem um lugar neste chão.
Eu gosto da fala dela
e ela do meu linguajar
aprendi que para amar
não existe distinção
na cidade ou no sertão
o amor é que domina
e muita coisa nos ensina
através do coração.
A cidade é muito boa
e tem recursos demais
em termos materiais
está acima de tudo
porém eu já não me iludo
é de paz que eu preciso
e é neste paraiso
que a tenho como escudo.
Agora posso dizer:
nada é mais forte no mundio
que um sentimento profundo.
E destes corações da gente
nem culturas diferente
nosso grande amor remove
e eu já digo o seu my love
e ela diz o meu ôxente.
Jubilosamente canto
Um lugar que amo tanto
Vivenciando a beleza
Encanto que a Natureza
Nos mostra neste sertão
Aconchego da minha alma
Love do meu coração.
Juvenal Amaro
Umirim, janeiro de 2009.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
terça-feira, 10 de agosto de 2010
CRUEL DOR DE BARRIGA
no sufoco que passei
naquela noite de horrores
se rio ou chora, não sei
que envolveu uma paixão
dor de barriga e um barrão
e um final que odiei.
E nestes humildes versos
queria poder contar
tudo que aconteceu
numa noite de luar
quando muito apaixonado
dirigi-me a um povoado
pra namorada encontrar.
A tarde ia terminando
o coração forte batia.
Tinha largado o trabalho
cantarolando de alegria
queria ficar bacana
pois era fim de semana
e namorar eu iria.
Jantei bastante apressado
de maneira inquieta
pra não ficar atrasado
peguei logo a biciclata
pela vereda pedalando
eu ia me equilibrando
que parecia um atleta.
Na metade do caminho
senti algo esquisito:
uma cólica violenta
que quase eu dei um grito.
Fui andando devagar
quase querendo parar
porque ja estava aflito.
Mesmo com a dor de barriga
continuei pedalando
esperando melhorar
mas a dor ia aumentando
e quando não suportei
um pouco no mato entrei
e fui logo me agachando.
Já mais de dezoiteo horas,
estava escurecendo.
Eu me contorcia e gemia
fortemente me espremendo,
me esticava e me encolhia
vendo a hora que morria
naquele mato sofrendo.
Muita muriçoca havia
e naquele zunzunzum
acertaram uma ferroada
logo bem no meu bumbum
desprotegido e pelado
e eu já bastante suado
apenas fazia huuuuum.
Então pra me defender
matar o inseto tentei
dando-lhe uma mãozada
e os meus dedos melei
mas não tendo percebido
o que havia acontecido
a bater continuei.
Onde pousava uma
eu já estava com a mão
antes que ela picasse
eu ia com precisão
esmagar com a mão melada
mas pensando ser suada
não prestava a atenção.
No meio da minha testa
pousou uma ardentemente
e ainda com a mão
a acertei rapidamente.
Senti outra em minhas costas
e mesmo fedendo a bosta
rápido bati novamente.
Estava erguendo a cabeça
aliviado e feliz
outra veio e ferroou
mesmo bem no meu nariz
e com a mão mais uma vez
com a mesma rapidez
mais uma besteira fiz.
e agora desta vez
atingiu também o bigode,
com o mal cheiro imaginei...
mas pensei também: não pode...
e com o polegar e o indicador
mesmo com aquele fedor
ainda ajeitei o bigode.
Saí daquele local
a bicicleta empurrando
mas aquele cheiro horrível
ia me acompanhando
verifiquei as chinelas
e não havendo nada nelas
aí fui desconfiando.
Perguntava a mim mesmo:
será que estou defecado?
mas como isso é possível
se tive tanto cuidado?
Foi quase agonizante
mas nem mesmo um instante
eu fiquei desacordado.
Parei e ergui a cabeça
para inspirar profundo
sentí como se estivesse
todo defecado o mundo
aí cheirei minha mão
foi grande a decepção
me vendo um sujeito imundo.
Continuei a viagem
já bastante diferente,
não parecia mais um atleta,
era mesmo um doente,
aquele esforço imenso
tinha me deixado tenso
e eu seguia lentamente.
Fui seguindo indeciso
porque não sabia mais
se deveria ir à frente
por estar sujo demais;
quando pude pressentir
que algo vinha a me seguir
há alguns metros atrás.
Foi chagando de uma vez
e me dando um empurrão
fui me desequilibrando
caindo logo ao chão
e olhando espantado
aquilo tudo apavorado
percebí que era um barrão.
O bicho era enorme
e tentava me lamber
e eu procurava um jeito
pra poder me defender
mas com o focinho empurrava
toda vez que eu tentava
me levantar e correr.
Foi uma luta tão feia
entre mim e o animal
até que eu conseguì
me levantar, afinal
e a bicicleta não vendo
saí mesmo a pé correndo
no meio do matagal.
O barrão correu também,
eu na frente e ele atrás
eu tremia, ele roncava,
cada qual fedia mais,
numa árvore fui trepando
e ele ficou roncando
como um animal voraz.
Já era de madrugada
Um barulho escutei
Vi o bicho indo embora
E um pouco esperei,
Não escutando mais ronco
Agarrei aquele tronco
Levemente escorreguei.
Ao chegar no chão saí
Muito depressa correndo
Apanhei a bicicleta
Resmungando, maldizendo,
Orvalhado e fedendo.
Juvenal Amaro
Umirim-CE, 1996
sábado, 17 de julho de 2010
sexta-feira, 2 de julho de 2010
O LOBISOMEM DE UMIRIM
Eu vou agora escrever
o que contaram para mim
sem lacunas, nem acréscimos
com princípio, meio e fim
sobre algo do passado
que foi o famigerado
lobisomem de Umirim.
Numa noite de verão
calçando um par de tamanco
saiu louco em disparada
foi até o rio Pau Branco
voltando ainda na carreira
caiu dentro de uma caieira
não morreu, mas ficou manco.
Foi à pedra do urubu
e subiu dando risada
em volta de um quilômetro
se escutava a gargalhada
as mãos no peito batia
satisfeito parecia
vendo a noite enluarada.
depois saiu galopando
foi ao campo da estação
deitou-se e foi rolando
sete vezes pelo chão
levantou, mostrou os dentes
deu sete gritos estridentes
e farejou como um cão.
Foi ao pé de tamarina
e subiu muito ligeiro
com um barulho tão grande
que assustou o povo inteiro
sem saber o que havia
e aquela hora dormia
lá no alto do Cruzeiro.
Quando desceu foi até
a grande cruz de madeira
e gemendo enormemente
se debateu, fez poeira
babando rangeu os dentes
deu sete pulos à frente
depois saiu na carreira.
Os cachorros foram atrás
num tumulto infernal
quando chegou à Preguiça
ele entrou no matagal
mas os cachorros parados
ficaram fora cansados
como que passando mal.
Mas pela linha do trem
foi voltando apressado
sempre zig-zagueando
pulando com os pés trocados
e ao chegar na estação
pulou sobre um vagão
de um trem que estava parado.
Dando algumas cambalhotas
pulou de novo no chão
girou em torno de si
que parecia um pinhão
parou, ficou agachado
apontou para o Caio Prado
e foi em sua direção.
Mas ao chegar no campinho
com as patas poeirentas
deu um espirro tão grande
que botou fogo da venta
voltou à linha de ferro
saltitando e dando berros
e montou em uma jumenta.
Foi ao matadouro público
onde abatiam um garrote
rápido por cima da cerca
o homem deu um pinote
sem saber aonde ir
quando deu conta de si
estava lá no Serrote.
Banhou-se no Caio Prado
fez o maior alvoroço
pulava como um golfinho
e retorcia o pescoço
na água que se agitava
e o açude transbordava
como um pequeno poço.
Sobre o Riacho da Sela
a ponte era de madeira
suas patas sobre ela
faziam uma batedeira
e com o silêncio que existia
muito longe se ouvia
toda aquela quebradeira.
Chegou nas bancas noturnas
de tapioca e café
o vendedor cochilando
foi dizendo: o que quer?
mas vendo o ser esquisito
apavorou-se, deu um grito
e se agarrou com a mulher.
A criatura foi saindo
para um pé de benjamim
naquela época havia
no centro de Umirim
se escondeu detrás do tronco
deu quatro ou cinco roncos
e transformou-se em cupim.
Mas ninguém se aproximou
não queriam se arriscar
as hora foram passando
começou a clarear
e quanto ficou visível
perceberam algo incrível
nada havia no lugar.
Apareceu no Rancho Fundo
um dos bairros mais antigos
sob o clarão da lua
sapateou em um abrigo
chamado de barracão
depois sentou num pilão
para coçar o umbigo.
Montado em um jumento
foi dizendo: upa, upa
um cassaco e uma raposa
levava em sua garupa
uma mulher que o viu
teve um desmaio e caiu
e daí ficou maluca.
Chegou à Rua do Rio
os galos estavam cantando
passou no Açude Grande
um tamanduá puxando
no Alto Alegre parou
As estrelas contemplou
tal qual um gato miando.
Foi num corte de madeira
que aguardava um caminhão
pra poder ser transportada
para próximo da Estação
subindo desempilhou
toda madeira que ficou
espalhada pelo chão.
Passou pela Carnaúba
atravessou o Bringel
chegando em São Domingos
resolveu ir tirar mel
movimentando as orelhas
pra espantar as abelhas
tirou e pôs num chapéu.
O lobisomem falado
por muitos anos apareceu
mas até hoje ninguém sabe
o que foi que aconteceu
se simplesmente sumiu
ou se alguém o descobriu
se foi embora ou morreu.
Jamais pensei que pudesse
Um lobisomem existir
Vejo agora que é possível
Encontrar um por aí
Na verdade para achar
A melhor forma é sonhar
Lembre que é só dormir.
Juvenal Amaro
Umirim, Dezembro de 2008
AMOR OU LOUCURA
INEVITÁVEL
a cada dia o meu errar
é maior e mais constante
inevitável e profundo
e dentre todos os errantes
sou eu o maior do mundo.
Juvenal Amaro
DOIDEIRAS
A cidade de Atenas
não tinha televisão
aí pegaram uma ruma
que trouxeram do Japão
e foram distribuindo
com toda população.
Eu também recebi uma
e contente fui ligar
o número do telefone
eu não consegui lembrar
sai pra fora correndo
peguei o programa no ar.
Quando eu estava assistindo
saiu um comercial
comprei duas rapaduras
mas não tinha capital
foi o jeito eu pagar
com o Estado, pessoal.
o governador falou
que o Estado não é meu
então fui ao hospital
para ver o que aconteceu
t6inha um estado de coma
mas falaram: alguém comeu.
E pra saber a certeza
fui falar com a direção
me ofereceram uma carona
em cima de um caminhão
o carro voltou batendo
queria era confusão.
Eu prefiro sem fusão
pois derretido é ruim
já vi que o seu desejo
é passar pelo Umirim
depois se for assaltado
não bote culpa em mim.
O meu relógio parou
eu não sei que horas são
mas vou perguntar ao padre
sem fazer a confissão.
Se o carro está rangendo
é problema com o munhão.
A faca estava cega
e tropeçou no facão
apareceram dois dentes
quando se tacou no chão
aí foi ao oculista
fazer a obturação.
O sol estava nascendo
quando a parteira chegou
disseram-lhe: chegou tarde!
o dia já clareou
mas amarre o umbigo
com a linha do Equador.
Tomaram um copo d'água
e houve uma confusão.
disseram que aquele ato
era uma agressão
pois o certo não é tomar
é pedir com educação.
Pegaram uma Q-boa
derramaram no açude
a água ficou tão ruim
que fui beber e não pude.
É preciso derramá-la
mas não há quem me ajude.
Quero derramar a água
por uma grande peneira
para o peixe não passar
bem depressa, na carreira
e depois irem dizer
que estou fazendo asneira.
Estar fazendo calor
porque eu não quis ouvir
mas se voltar a falar
não consigo resistir
pois com uma quentura dessa
eu não vou poder dormir.
Quando eu peguei no sono
não tive muito cuidado9
minha mão estava suja
e ele ficou zangado
fugiu de mim de repente!
fiquei a noite acordado.
Estava passando mal
foram chamar o doutor
que no seu diagnóstico
rapidamente informou:
o problema não é grave
foi o ferro que esfriou.
Aí trouxeram uma cama
para casal, de madeira,
o casal deu o cupim
a cama ficou inteira
então quiseram levá-la
pra ser vendida na feira.
O carro que a levava
deu o prego na estrada
que ficou tão enfiado
sem nenhuma martelada
Aí foram mesmo a pé
andando pela calçada.
A calçada tinha um calo
do sapato apertado
descalçou-se e foi seguindo
com o seu pé calejado
mas apesar do esforço
a feira havia terminado.
Ia dobrando a esquina
para pegar outra rua
ela disse: não é preciso
me pegar pois já sou tua.
Para que dobrá-la de novo
se torna ela continua?
Aí foi pegar o ônibus
mas não pode segurar
teve que ficar no ponto
esperando outro passar.
como o ponto era final
não pode continuar.
Foram escrever a ata
mas já estava madura.
Se colocá-la no livro
aumenta a temperatura
podendo até se esmagar
e não pode haver rasuras.
já deu na televisão
muita gente assistiu
a pancada foi tão grande
que da mesinha caiu
mas deu também no jornal
deu no rádio e no edital
e pouco depois sumiu.
Já soube que deu no pé
Uma coisa de repente
Vai batendo por aí
E ainda não deu pra gente
Na noite deu pra cantar
Acho que deu pra tomar
Líquido como aguardente.
Juvenal Amaro
Umrim, Julho de 2004